O INOV celebra 25 anos. São 25 anos a converter conhecimento em tecnologia e a desenvolver soluções com impacto real. Por ocasião das comemorações deste 25º aniversário, entrevistamos uma série de ex-colaboradores que, como tantos outros, têm ajudado a tornar este caminho possível.
João Pedro Lima integrou a equipa do INOV entre julho de 2011 e dezembro de 2016, como Security Research Engineer. Licenciado e mestre em Engenharia Informática e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico, desenvolveu a sua tese de mestrado em colaboração com o INOV, sob o tema “Deteção de Intrusões baseada na especificação de Processos de Negócio”. Posteriormente, frequentou o Programa Doutoral em Segurança de Informação no mesmo instituto. Após a passagem pelo INOV, desempenhou funções de Product Security Engineer na VMware, na Irlanda. Atualmente, é Systems Engineer na Cloudflare, com base no escritório de Lisboa, continuando a desenvolver o seu trabalho na área da segurança da informação e sistemas de elevada complexidade tecnológica.
Como começou o seu percurso no INOV?
O meu percurso no INOV começou no âmbito de uma Bolsa de Investigação, associada ao Projeto Europeu SECUR-ED. Este projeto tinha como objetivo a criação e demonstração de ferramentas e processos com vista a melhorar o nível de segurança das infra-estruturas de transportes públicos, tanto contra ameaças físicas bem como digitais. O nosso âmbito cingia-se, por um lado, à elaboração de uma análise de ameaças a que os sistemas informáticos e de controlo nas redes de transportes públicos estão sujeitos e, por outro, o desenvolvimento de um sistema de deteção de intrusões que fosse capaz de dar uma resposta eficaz às ameaças identificadas.
Que memórias guarda dos primeiros tempos no INOV?
Tendo sido a minha primeira experiência profissional, guardo muitas memórias, e um carinho especial pela forma como o INOV me recebeu e me ajudou a crescer, enquanto pessoa e enquanto profissional. Na época em que me juntei ao INOV, a Cibersegurança, enquanto Unidade de Negócio independente, tinha acabado de nascer, pelo que tive a oportunidade de acompanhar e colaborar neste crescimento a partir da “primeira fila”. O Projeto SECUR-ED apresentou-nos diversos desafios interessantes neste contexto. Para nomear um em particular, uma das tarefas iniciais do INOV no projeto, e portanto uma das minhas primeiras tarefas, era a execução de um modelo de ameaças de uma infra-estrutura de transportes real – isto é, definir e listar as formas como uma infraestrutura de transportes pode ser atacada por via digital. O desafio parecia muito difícil de superar, dado o conhecimento limitado que tínhamos destas infraestruturas à altura, associado à abrangência do contexto sobre o qual este tinha de ser aplicado. Apesar disto, uma vez concluída esta tarefa, obtivemos o reconhecimento da exatidão do trabalho desenvolvido por partes de diversos outros parceiros do projeto, em alguns casos empresas com uma escala muitíssimo maior que o INOV, e profundamente enraizados nos domínios tecnológicos que nos propusemos estudar.
Qual foi, para si, o momento mais desafiante ou transformador durante o tempo no INOV?
É difícil nomear um em particular, mas talvez destacasse um momento em particular em que tínhamos diversos projetos em curso, ao mesmo tempo que tínhamos ainda outros projetos a iniciar, todos eles em contextos muito diferentes, e que requeriam ferramentas muito diferentes para resolver os problemas que lhe estavam na base. Foi um desafio muito grande, tendo em conta os recursos finitos que tínhamos disponíveis na altura, mas julgo que tenha sido de elevado valor acrescentado, certamente para mim, mas também para os restantes membros da equipa. Permitiu-me ganhar confiança na capacidade de desenvolver e dar um contributo na resolução de diversos problemas em simultâneo. Permitiu, também, a todos enquanto equipa trabalhar em conjunto, fazendo uso daquilo que eram os pontos fortes de cada um à altura, e num esforço combinado levarmos a bom porto os desafios que nos tinham sido propostos.
Em que medida o INOV contribuiu para o seu crescimento pessoal e profissional?
Conforme referi acima, dado que o INOV foi a minha primeira experiência profissional, acabou por me influenciar de forma decisiva, tanto enquanto pessoa bem como enquanto profissional. Tendo sido o primeiro Engenheiro alocado a 100% às atividades de Cibersegurança, sempre senti por um lado que existia uma confiança muito grande a ser depositada em mim, mesmo enquanto recém-graduado, que me permitiu abordar problemas e propor soluções que, porventura, noutro contexto, não iria ser possível. No fundo, senti sempre que existiu sempre um balanço quase perfeito entre confiança/autonomia na forma como trabalhávamos e o apoio/suporte que me era oferecido para que este trabalho fosse bem sucedido, facto que me permitiu crescer de forma muito acelerada nesta fase inicial da minha carreira profissional.
Que impacto acredita que o INOV teve (ou tem) no ecossistema científico e tecnológico em Portugal?
O INOV, com o seu posicionamento de charneira entre o tecido científico e industrial, desempenha um papel ao qual não encontro muitos paralelos, principalmente no contexto do nosso País. A capacidade de transformar ideias produzidas no seio da ciência em produtos e soluções que não só respondem a necessidades reais do mercado, bem como fazem a diferença no mesmo, é, na minha opinião, um dos principais impactos, e o carácter diferenciador do INOV, e que lhe permitirá continuar a ter sucesso no futuro.
Há algum valor ou traço do INOV que ainda leva consigo hoje?
Uma das aprendizagens que retenho e tento dar continuidade na minha vida pessoal e profissional é a capacidade de acreditar nos outros, independentemente da sua experiência profissional ou background, e tratando-os sempre enquanto iguais – foi esta a forma como fui recebido e vi receber outros no INOV, e que me permitiu crescer enquanto profissional, e ver florescer também tantos outros, que noutros contextos, porventura, não teriam tido acesso às mesmas oportunidades. Por outro lado, a capacidade que o INOV sempre teve em não se menosprezar, nem se ver como demasiado pequeno ou menos capaz quando comparado com parceiros com os quais colaborou no contexto de diversos projetos – terá sido esta uma entre muitas características que tem permitido ao INOV crescer e prosperar enquanto organização de transferência de tecnologia de excelência, tanto a nível Nacional como a nível Europeu.
25 anos depois: como vê hoje o INOV e o seu futuro?
Os problemas que se põem no presente, e com grande probabilidade no futuro, requerem abordagens cada vez mais criativas, ambiciosas e inovadoras, e soluções rigorosas e bem implementadas – a capacidade do INOV em estar em constante crescimento e mutação faz com que esteja especialmente bem preparado para os desafios do presente e do futuro, e não tenho qualquer dúvida que a entrega e rigor que tanto lhe são característicos lhe trarão muitos sucessos no futuro.